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Brasília
O governo encontra-se, já há alguns meses, com um grave problema de inflação dos alimentos. Isto se torna complexo, pois, em economia, não se deve olhar uma única variável de maneira isolada, ou seja, uma mudança no nível de preços dos alimentos traz alterações em diversos aspectos da economia.
Os preços de produtos agro-pecuários são definidos internacionalmente, o que significa que uma ação isolada de um produtor ou grupo de produtores não consegue alterar os preços. Atualmente, o que vemos é uma escalada de aumento de preços para as commodities agrícolas e, em minha opinião, esta tendência continuará durante todo o ano de 2011. Em virtude disto, o que o governo pode fazer para impedir que os preços dos alimentos não subam para o consumidor final? Há algumas alternativas, sendo duas possíveis e já pensadas para implantação: a) Taxas ou impostos de exportação: se o governo aumentar taxas ou impostos para exportações de alimentos, a quantidade disponível para o mercado externo irá diminuir, criando então um excedente de alimentos no mercado interno, fazendo com que o preço diminua. Porém, caso isto aconteça, o volume de exportações do país irá cair drasticamente, afetando o equilíbrio das contas externas brasileiras, podendo haver uma queda de solidez da economia como um todo. b) Câmbio: aqui reside, atualmente, um dos maiores nós da política externa brasileira. Devido a inúmeros fatores que não vamos tratar aqui, a taxa de câmbio brasileira está sobre valorizada, fazendo com que os produtos importados fiquem baratos demais e a exportação cara demais. O setor produtivo pede, há tempos, uma correção do câmbio, pois, se o dólar subir para R$ 2,00, por exemplo, os produtos brasileiros ficarão mais baratos no exterior, pois a empresa pode oferecer um preço em dólar mais barato para seu cliente internacional, visto que na hora que este dólar entra no país, a empresa consegue mais reais por ele. Porém, se o câmbio subir, o preço dos alimentos aqui no Brasil irá aumentar ainda mais, visto que, se o valor recebido numa venda externa subir, as empresas irão preferir exportar alimentos ao invés de vendê-los internamente, o que diminui a quantidade disponível para o mercado nacional, fazendo com que os preços subam. Finalmente, o governo brasileiro está com um enorme problema nas mãos. Se quiser agradar o setor industrial e aumentar nosso volume de exportação, vamos ter um aumento maior ainda no preço dos alimentos. Por outro lado, caso queira reduzir o preço dos alimentos, terá que derrubar ainda mais o câmbio, provocando perda acentuada para nosso setor industrial. Jorge Eduardo Scarpin
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Como professor universitário, vejo diversos discursos e falas, inclusive dentro da própria classe de professores que me deixam, no mínimo, intrigado. Muitos afirmam que são professores por “vocação” e aqui usam o significado mais antigo da palavra que é o de inclinação para o sacerdócio, para a vida religiosa. Particularmente, nada contra isto, até admiro quem tem esta vocação, mas sacerdócio indica quase que um voto de pobreza, uma dádiva moral que a pessoa dá em favor dos seus semelhantes.
Esta visão do magistério tem se perpetuado no Brasil, principalmente no magistério para crianças e adolescentes, com reflexo direto na remuneração paga aos professores. É inaceitável o valor pago a eles,muito mais inaceitável ainda a negativa de alguns estados brasileiros de não pagarem nem o piso mínimo nacional. E qual a conseqüência disto na educação brasileira? Além da má qualidade atual, vejo uma perspectiva ruim, visto que, atualmente, com exceção de algumas carreiras no ensino superior e de algumas escolas particulares, ser professor é uma das últimas alternativas de emprego para os jovens, pois não existe uma profissionalização do ensino brasileiro, seja por falta de vontade política, seja por corporativismo dos atuais professores, seja por comodismo dos pais. Quando falamos da falta de vontade política, estamos falando de dois problemas, a falta de dinheiro, pois o orçamento público é restrito, mas, principalmente da pouca disposição em lutar contra os próprios sindicatos que representam os professores que muitas vezes atacam as propostas de mudanças no ensino brasileiro, caso percebam que suas responsabilidades possam ser maiores ou que privilégios sejam cortados. Em virtude disto, há o segundo problema que é o corporativismo que, por incrível que pareça, prejudica a profissionalização da categoria. Todo sindicato quer aumento de salário, aumento de benefícios e diversas outras melhorias, porém, sinto informar que “não há almoço grátis”, aumentar o bônus sem aumentar o ônus correspondente é privilégio, não profissionalização. Em qualquer categoria profissional, os empregados possuem metas e são recompensados quando as atingem e punidos quando não. Um vendedor ganha mais comissão quanto mais vende, um gestor ganha mais promoções quanto melhor seu desempenho para a empresa etc. Porém, quando se fala em atrelar uma parte do salário dos professores com menores taxas de evasão escolar, melhor desempenho em exames nacionais ou algo assim, há o rótulo de reacionário e neoliberal e que a autonomia do professor será destruída, que o ensino tornar-se-á um produto qualquer de mercado e outras gritarias do gênero. Por último, há o terceiro grande problema: os pais. Sim, os pais e a sociedade. Qual a relação dos pais com a educação dos seus filhos? A relação é direta. Os pais devem monitorar a qualidade da educação oferecida aos seus filhos, seja ela pública ou privada. Quando se compra algum produto e a qualidade não é a que foi prometida, sempre reclamamos diretamente com a empresa ou aos órgãos de defesa do consumidor, porque queremos “exigir nossos direitos”. E quando a educação que os pais “compram” para seus filhos, seja por meio de mensalidade ou dos tributos que são pagos ao governo, não é satisfatória, o que é feito? A maioria dos pais vai dizer: não tenho nada com isto, isto é problema da escola, a culpa é do governo, é assim mesmo e outras desculpas do gênero. E o que deve ser feito? Simples, basta agir como se fosse a compra de outro produto qualquer, um carro, um telefone celular, uma nova TV. Reclame, argumente com a direção da escola, discuta com a associação de pais e mestres (sim, toda escola tem uma), faça uma comissão para se reunir com o prefeito, com a secretaria da educação etc. Isto é fácil? Com certeza não, isto é extremamente trabalhoso. Porém, quem disse que ter filhos seria umacoisa fácil? Para finalizar, duas questões para reflexão: queremos que nossos filhos aprendam o que a sociedade espera para ter um belo futuro ou o que o professor em sala de aula ou a diretoria da escola julgam ser necessário para ele aprender, sem a devida preocupação com qualidade? E devemos lutar de maneira ativa e participativa para que a educação tenha uma maior qualidade ou será simplesmente “culpa do governo”? Jorge Eduardo Scarpin Nas últimas semanas temos visto a polêmica acerca do aumento do salário mínimo. O governo aprovou na Câmara dos Deputados um valor de R$ 545,00, enquanto a oposição acenava com valores de R$ 560,00 ou R$ 600,00 dependendo dos interesses políticos de cada um. Podemos dizer que R$ 545,00 é um valor justo para o salário mínimo?
Depende do ponto de vista. O salário mínimo tem tido aumento real e consistente nos últimos 15 anos, saindo de menos de cem dólares em 1995 para pouco mais de 325 dólares, considerando o valor de R$ 545,00. Entretanto o aspecto negativo está o fato que afirmar que uma pessoa possa viver dignamente com este valor é algo irreal e até aviltante. Atualmente, o maior impacto produzido pelo salário mínimo está na previdência social, onde uma parcela relevante dos aposentados recebe o mínimo. Na iniciativa privada, poucos são os que recebem tal valor ou que possuam seus salários atrelados a ele. Quanto mais os aposentados receberem, mais poderão gastar e mais a economia se aquece, produzindo riquezas e gerando um maior bem estar na população. Entretanto, este aumento trará um impacto relevante no orçamento público, fazendo com que recursos sejam tirados de outras áreas, tais como educação, saúde, investimentos etc. Isto sem contar que aumento indiscriminado de salários gera inflação, que, por sua vez, corrói o valor do salário. Todavia, para mim, a questão do salário mínimo deve ser tratada sob outro enfoque. No ano de 2006 houve um amplo acordo para a definição das regras para o reajuste. A regra é simples. Todo ano, o salário mínimo será reajustado pela inflação mais o crescimento do PIB de dois anos antes, sendo que, caso aconteça uma retração do PIB, esta variação negativa será desconsiderada, fazendo com que, pelo menos, o reajuste do salário mínimo seja igual à inflação. Uma regra clara e objetiva. Concorde-se ou não com ela, é a regra do jogo. Um dos grandes problemas que afetam nossa imagem no exterior é a insegurança jurídica, onde as regras do jogo mudam conforme a conveniência, usando aqui uma frase muito pejorativa acerca da nossa sociedade, onde “aos amigos tudo, aos inimigos, a lei”. E, paralelo a isto, o governo quer institucionalizar este acordo, aprovando um dispositivo que fixa o aumento do salário mínimo a esta regra até 2015. Em minha opinião, algo sensato, para evitar todo este desgaste anual. Entretanto, alguns economistas estão muito preocupados, pois isto pode provocar a volta da indexação na economia. Um mecanismo de aumento automático do salário mínimo relembraria a volta do “gatilho salarial” dos anos 80. Como diziam os antigos, “devagar com o andor, pois o santo é de barro”. A política de correção e ajuste do valor do salário mínimo vem sendo desenvolvida nos últimos 15 anos no país e o que se pretende agora é que a política seja normatizada, sem enfrentar negociações de balcão anualmente. Infelizmente, no Brasil, a economia ainda é fortemente indexada. Os preços administrados, tais como, água, luz, telefone, pedágios, transportes públicos são indexados, com reajustes anuais, assim como o aluguel. E aqui, um ponto para reflexão: se o salário mínimo não pode ter um mecanismo de indexação, por que há anos pede-se a indexação da tabela de descontos do imposto de renda de acordo com a inflação? Indexar salário para os mais pobres é ruim, mas indexar a tabela do imposto de renda, para a classe média e alta é necessário? Finalizando, o Brasil ainda não tem uma taxa de inflação tão baixa que permita a total desindexação da economia. Inflação de 4,5% ao ano, centro da meta no Brasil, gera inflação de 50% em menos de dez anos. O melhor caminho para uma completa desindexação da economia é a queda mais acentuada da inflação, com redução de gastos públicos, aumento de juros, correção cambial, ou seja, algo que é muito mais difícil e muito menos popular do que pedir a elevação do salário mínimo. Jorge Eduardo Scarpin Nos últimos 15 a 20 anos temos testemunhado uma revolução no uso da tecnologia por parte do cidadão comum. As antigas máquinas de escrever Remington, Facit, Olivetti foram aposentadas. Em seu lugar, chegaram os micro computadores, também chamados de PC. No seu início, uma máquina de escrever inteligente, acompanhado de uma potente planilha de cálculo.
No entanto, no final da década de 90, a internet se popularizou e o micro computador passou a ter uma nova função. Navegar na internet, o que nos trouxe um festival de músicas on line, notícias em tempo real e o email. Ah, o email, algo que fez com que as correspondências tradicionais fossem praticamente esquecidas. Hoje para tudo se usa o email, mesmo para pequenas coisas que poderiam ser solucionadas com um simples telefonema, usa-se o email. Porém, o micro computador está ficando para trás. Em seu lugar, os notebooks vieram com uma vantagem, eram portáteis, poder-se-ia levá-los para onde fosse necessário. E o que vemos hoje? Os notebooks tomando o lugar dos micro computadores como máquinas de trabalho e os netbooks, estes sim computadores muito leves e portáteis, ideal para viagens. Paralelo a isto, há o telefone celular, ou telemóvel. No começo, um telefone sem fio grande, com sinal analógico que só tinha uma única tarefa: fazer e receber ligações. Depois, passou a enviar mensagens, os tão famosos SMS (short message service) e hoje fazem praticamente de tudo, são tocadores de música, máquina fotográfica, câmera filmadora, navegadores de internet e, inclusive, continuam fazendo e recebendo ligações telefônicas. E quais as conseqüências disto na nossa vida? Estamos perdendo o contato humano, os relacionamentos pessoais e virando cada vez mais introspectivos e fechados nas novas tecnologias? Não sou um estudioso deste assunto, mas aqui vão as minhas opiniões pessoais: 1. Nunca foi tão fácil fazer negócios como hoje. Citando este exemplo claro: sem a internet, o projeto Perspectiva Lusófona seria muito custoso e praticamente inviável, pois, como conectar tantos pensadores de língua portuguesa dos mais diversos cantos do mundo de maneira rápida e eficaz? Além disto, eu consigo informações que nunca imaginaria sem o advento da internet e, com isto, consigo fazer negócios com parceiros que, muitas vezes, não conheço pessoalmente. 2. A internet tem muitos textos de péssima qualidade e informações superficiais. Isto é um fato. Isto prejudica o aprendizado de nossas crianças? Sinceramente, não sei e acredito que não. Hoje as crianças estão muito mais espertas e dinâmicas do que antigamente. Como exemplo, tenho duas sobrinhas, uma de 10 e uma de 08 anos. Ambas têm por hábito tirar dúvidas sobre conteúdo escolar direto do Google e depois vão perguntar para a professora na aula seguinte (acredito que a vida dos professores de ensino básico, fundamental e médio não esteja muito fácil). Na década de 80 (quando eu estava em idade escolar) isto era simplesmente impossível. Outra questão: como incentivar a leitura de textos mais densos se não há a leitura também de coisas superficiais? A internet dá uma iniciação de leitura muito grande e, principalmente, noção de pesquisa, traz um desejo de se descobrir coisas novas, fato inclusive confirmado pelo Pisa (http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/01/18/e-mail-bate-papo-e-pesquisa-online-melhoram-nota-em-teste-de-leitura.jhtm). Entretanto, um envolvimento maior dos pais sobre o que os filhos fazem na internet é fundamental. Será que eles terão tempo disponível para isto? 3. Estamos muito mais conectados. E aqui eu vejo um problema. Hoje vemos nossos emails nos telefones celulares (telemóveis), navegamos pela internet por onde quer que estejamos. Se estivermos em um restaurante e nosso aparelho nos informa que chegou um email, somos tentados a olhá-lo e, se for algo profissional e urgente, vamos procurar resolver, sem nos darmos conta que, provavelmente, este problema pode ser resolvido no dia seguinte. Isto pode fazer com que problemas relacionados a ansiedade sejam mais correntes no futuro próximo. Finalizando, o avanço da tecnologia chegou e é irreversível, cabe a nós, fazer com que ela trabalhe a nosso favor, e não contra nós. Jorge Eduardo Scarpin Fim de ano chegando e hoje vamos apresentar um texto mais leve, com alguns conselhos úteis e práticos para que o Natal não transforme o ano de 2011 em um pesadelo financeiro. O Natal é uma data festiva no mundo inteiro, onde nos congratulamos e trocamos presentes. Muitos dizem que o Natal virou uma data de louvor ao consumismo, com o interesse maior no aspecto material da troca de presentes do que com o espiritual da celebração do nascimento do menino Jesus.
Não quero entrar neste debate, mas que o consumismo existe no Natal é um fato inegável. E não é privilégio apenas do Brasil, é um fenômeno mundial. E qual o efeito econômico desta data nas nossas finanças? No Natal sempre existe aquela longa lista de presentes e lembrancinhas a comprar. Afinal, como não presentearmos nossos pais, filhos, cônjuge, namorado ou namorada, sobrinhos, patrões ou ainda colegas de trabalho em festinhas de final de ano, sem falar nos amigos mais próximos. E como resistir às tentadoras promoções de produtos com descontos atraentes e prazos de pagamento a perder de vista? E às chamadas compras por impulso? Reconheço que a tarefa não é simples e aqui vão dois conselhos para fazer de seu Natal uma data aprazível também às suas finanças. 13º Salário – o que fazer com ele? Primeiramente, pagamento de dívidas. Se há dívidas no cartão de crédito, cheque especial, parcelas atrasadas de alguma compra, pague todas estas dívidas antes de pensar em comprar qualquer coisa. Uma vez que não há dívidas pendentes, recomendo guardar de 10 a 20% para poupança e, com o que sobrar, usar para compra de presentes, viagem com a família etc. Lembre-se que não existe coisa pior do que fazer dívida quando já estamos endividados. Qual o limite de endividamento? De maneira geral, o consumidor não olha a taxa de juros embutidas nas compras a prazo e sim o valor da parcela. E, quando a parcela é baixa, podemos comprar, pois é barato. Ledo engano. A junção de inúmeras parcelas de baixo valor dá um montante alto que muitas vezes não podemos suportar. Para se manter em um patamar adequado, não é prudente que as parcelas de dívidas de compras a prazo sejam superiores a 10% da renda, assim como as dívidas totais (compras a prazo + financiamentos de longo prazo, como carro e casa própria) não sejam superiores a 30% da renda. Seguindo estes pequenos conselhos de finanças pessoais, temos tudo para ter um Natal cheio de paz e tranquilidade, onde as congratulações serão muito maiores do que as dores de cabeça na hora do pagamento dos presentes. Jorge Eduardo Scarpin No Brasil, dia 20 de novembro é feriado em algumas cidades (cerca de 200) e não é feriado na maioria das outras (cerca de 5.300), sendo comemorado o Dia Nacional da Consciência Negra. Não vou aqui debater se este dia deve ou não ser feriado, apesar de achar o dia Nacional da Consciência Negra algo bom para a sociedade, mas que não dever-se-ia parar o país por um dia devido a isto. Quero aqui discutir outra coisa, o número de feriados no Brasil. Vamos contá-los, em ordem cronológica:
1. 01 de janeiro, dia da confraternização universal: ok, é um feriado mundial, nada mais justo do que ser feriado no Brasil; 2. Carnaval: apesar de ser um feriado religioso e sermos um Estado laico (por que feriado religioso num país onde não há religião oficial?????), sou a favor do Carnaval, pela questão de geração de divisas para o país. O Carnaval é um produto brasileiro de exportação e o movimento turístico é muito alto e extremamente relevante, principalmente em lugares como a Bahia ou o Rio de Janeiro. Apesar disto, tecnicamente, segunda-feira de carnaval não é feriado e terça-feira é ponto facultativo; 3. Sexta-feira "santa", ou sexta-feira da paixão: um feriado religioso e, conforme explicado acima, se somos um Estado laico, logo, feriado religioso deveria ser abolido. Uma questão sobre isto: os feriados religiosos já tiveram sua função. Quando os empregados não possuiam férias, como forma de ajudar os trabalhadores, a Igreja instituiu que era pecado trabalhar nos dias "santos" e, por esta razão, temos dias para São João, Santo Antônio, São Pedro, Páscoa, Corpus Christi etc. Entretanto, nos dias de hoje, tais feriados não possuem mais sentido. 4. Dia de Tiradentes: considerado um herói nacional, Tiradentes lutou pela independência. Apesar da polêmica sobre se a Inconfidência Mineira foi uma luta pela independência ou se foi uma revolta pelos altos impostos da época, eu considero que este feriado não é tão ilógico, podendo ser mantido. 5. Dia do Trabalho: também um feriado mais ou menos mundial. Não vejo condições políticas de ser alterado. 6. Corpus Christi: pelas mesmas razões da sexta-feira "santa", não há sentido nos dias de hoje. 7. Dia da Independência do Brasil: o dia da independência é feriado em todos os países, marcados por desfiles militares etc. Feriado plenamente compreensível. 8. Dia da Padroeira do Brasil: ao contrário do que muitos pensam, o dia 12 de outubro é feriado por ser o dia da Padroeira e não por ser o dia das crianças. Dias das crianças foi uma invenção do comércio. 9. Dia de Finados: idem aos demais feriados religiosos. 10. Dia da Proclamação da República: também um feriado compreensível, a proclamação da república foi um marco na história brasileira. 11. Natal: também, apesar de ser um feriado religioso, com origem pagã (mas isto é outra história), é um feriado mundial. Se não esqueci nenhum, há onze feriados nacionais. Além destes, há o feriado municipal de aniversário da cidade, totalizando 12. Se considerarmos o dia Nacional da Consciência Negra, sobe para 13. Se contarmos os feriados "emendados", podemos subir para 15 ou até mais. O que isto significa? Significa que, em média, temos, no mínimo, 1 dia por mês onde nada funciona no Brasil. Se formos considerar que há, em média, 22 dias úteis no Brasil, temos 5% do mês parado por conta de feriados. Isto significa que não temos produção, não temos serviços bancários, não temos educação. Por falar em educação, o problema é maior, pois a educação tem o péssimo hábito de "emendar" feriados. Se o feriado é terça, segunda não há aula. E aqui uma pergunta. Por que? Se os pais trabalham, por que os filhos vão ficar em casa? Ainda busco uma explicação para isto. Com tantos dias parados, é óbvio que perdemos competitividade em relação a outros países com menos feriados. Se considerarmos que um empregado trabalha oito horas por dia, há 96 horas não trabalhadas por ano em virtude de feriados, ou seja, um terço de um mês cheio (30 ou 31 dias) e metade de um mês útil (com 22 a 25 dias) não se trabalha no Brasil. Em tese, nós pessoas físicas deveríamos gostar disto, certo? Principalmente eu, que também sou professor, deveria gostar mais ainda. Neste semestre, por exemplo, com diversos feriados nas terças-feiras, fiquei sem trabalhar também na segunda. Bem, na minha opinião, errado. Quanto menos dias um empregado trabalha, menor tende a ser seu salário, pois a empresa precisa de uma quantidade maior de trabalhadores para realizar a produção, fazendo com que o salário médio seja reduzido. Além disto, isto tira a competitividade do país, o que não é bom para a geração de empregos. Jorge Eduardo Scarpin Muito se fala em voto facultativo, que seria uma coisa boa para o processo eleitoral dos países. Já fui defensor desta tese, mas acho que, no Brasil e em outros países pobres ou em desenvolvimento, ainda não temos uma democracia consolidada a este ponto.
Vamos relembrar um pouco a história. No Brasil, o voto obrigatório vem desde 1932, com o intuito de dar legitimidade para o processo eleitoral da época. Há um excelente artigo na revista São Paulo Perspec. vol.13 no.4 São Paulo Oct./Dec. 1999, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102-88391999000400016&script=sci_arttext que trata um pouco deste contexto histórico e outro na Revista de Informação Legislativa sobre argumentos contra e a favor do voto facultativo, disponível em http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/viewFile/28002/27560. Entre os defensores do voto facultativo e do voto obrigatório, a tese que mais prepondera é sobre legitimidade. Há legitimidade numa eleição que a maioria da população vota por obrigação? Há legitimidade em uma eleição com poucos votantes? O meu raciocínio é outro, vou mais para o lado da economia e das finanças no processo. O voto obrigatório diminui a ocorrência de compra de votos. Isto é um paradoxo, a primeira vista, pois, votando apenas quem quiser, como haverá compra de votos? Vou explicar melhor com um exemplo: Suponha que uma cidade tem 100.000 eleitores e, para se eleger vereador, há a necessidade de 1,5% dos votos. Este número não é nem pequeno, nem tão fictício assim. Nas últimas eleições municipais do Brasil, um vereador em São Paulo capital se elegeu com 0,18% dos votos, em Londrina-PR (287.324 votantes) um vereador se elegeu com 0,56% dos votos e em Brusque-SC (68.779 votantes) o vereador menos votado precisou de 1,63% de votos para sua eleição. Detalhe que, nestas cidades, não houve o caso do vereador puxador de voto, como foi o caso do falecido Enéas Carneiro que, pela força da lei eleitoral, elegeu candidato com menos de mil votos. Com as regras atuais, há a necessidade de 1.500 votos para se eleger. Suponha que um candidato qualquer, por força das mazelas do povo local, bem como por uma questão de índole, consiga comprar 500 votos para sua eleição (vamos supor, só supor que isto possa vir a acontecer em alguma campanha eleitoral no Brasil), logo, pelas regras atuais, ele precisaria batalhar por 1.000 votos na cidade. Agora, vamos supor que o voto seja facultativo. Nos países onde isto acontece, o percentual de participação nas eleições varia de 40 a 60%. Vamos considerar que ficaríamos na média, ou seja, 50% de participação (o que acho uma previsão bem otimista). Neste caso, o vereador de nossa cidade fictícia precisaria não mais de 1.500 votos para se eleger, mas de apenas 750 votos. Será que o voto, sendo facultativo, faria as pessoas deixarem de vendê-lo? Sinceramente, acredito que quem vende o voto por uma cesta básica, vende em qualquer situação, sendo obrigatório ou facultativo. Neste caso, dos 750 votos necessários, 500 já estariam comprados, restando apenas 250 para sua eleição. O que isto significa? Significa que o candidato precisa batalhar por apenas 25% dos votos que precisaria batalhar para sua eleição. Logo, os votos comprados teriam um peso relativo muito maior do que hoje, pois, como este caso hipotético mostra, os votos comprados que na situação de hoje representariam 1/3 dos votos necessários, com voto facultativo, a mesma quantidade de votos comprados representariam 2/3 dos votos necessários. O que eu quero evidenciar com isto? Simples, voto facultativo tende a gerar maior movimento de compra de votos e também, uma maior importância do voto de cabresto pois os votos, de maneira individual, passam a ter um peso relativo maior. Resumindo, acho que não temos ainda uma democracia consolidada, nem uma situação econômica favorável para a adoção do voto facultativo. Jorge Eduardo Scarpin Uma grande quebra de safra na produção russa de trigo fez os preços de pães e farinha subirem vigorosamente nas últimas semanas. Isto tem gerado preocupação em diversos países e até manifestações em outros, principalmente na África.
Este problema foi caracterizado por fatores climáticos. Entretanto, enxergo outro problema, não no curto prazo, mas no médio e longo prazo que é a tendência de inflação para os alimentos. Para fundamentar este ponto de vista, vamos a algumas análises de cenários e tendências. Países Desenvolvidos Os países desenvolvidos estão com um poderio econômico menor, em termos relativos, do que nas últimas décadas. Alguns países estão com crise no emprego e na renda. Entretanto, mesmo em situações de crise, o consumo de alimentos é um dos últimos itens a ser reduzido, visto que alimentação é uma necessidade básica de todo ser humano. Aliado a isto, a fronteira agrícola dos países desenvolvidos está no limite. Não há mais terras nuas para serem desbravadas, nem florestas para serem derrubadas. Por mais que avanços tecnológicos possam melhorar a produtividade, sua agricultura é pouco competitiva, sobrevivendo com enormes subsídios governamentais, o que deve ser diminuído no médio e longo prazo, pois os países em desenvolvimento usarão isto como moeda de troca para abrirem seus mercados aos produtos industrializados. Países em Desenvolvimento É o grupo de países que mais se desenvolve no mundo atualmente, com aumento da sua importância econômica relativa, bem como aumento de renda de sua população. Estes países, principalmente Brasil, Rússia e, de certo modo a China, são grandes produtores de alimentos e exportam um bom excedente de produção. No médio e no longo prazo, caberá a estes países, juntamente com Argentina, em certo ponto a Austrália e alguns países africanos (com o avanço da tecnologia de produção de alimentos) prover alimento para a população mundial. Mas, isto tem um problema na equação. O consumo de alimentos nestes países está aumentando e, com o advento do aumento de poder de grupos que desejam um mundo mais sustentável (o que eu concordo) está fazendo com que a expansão da fronteira agrícola não seja tão grande quanto necessário. Tomando como exemplo o Brasil, há uma clara objeção ao avanço da fronteira agrícola rumo à Amazônia ou a outros ecossistemas, tais como o Pantanal, Mata Atlântica ou Caatinga. Resta então a tecnologia. Mas, a tecnologia está enfrentando algumas barreiras de consumo. Uma grande saída para o aumento da produtividade é por meio da transgenia, onde serão produzidos alimentos em maior quantidade a um menor custo. Entretanto, a transgenia enfrenta um grande problema quanto à sua liberação por parte dos governos. Os governos são reticentes a liberar os alimentos transgênicos, pois não há garantia científica que tais alimentos não causarão danos ao ser humano no seu uso prolongado (20, 30 anos); porém, os estudos não podem ser feitos justamente pela falta do seu uso prolongado. Países mais Pobres Para completar o cenário, algo que não está sendo tão percebido no mundo é o aumento de renda dos países mais pobres, principalmente os países africanos. Por mais que a renda destes países ainda seja baixa, ela está em um ritmo crescente e, neste caso, quando a renda é baixa e cresce, o primeiro e principal item de aumento de gasto na população é com alimento, pois este excedente de renda vai direto para o consumo de alimentos. Síntese dos panoramas Considerando que o consumo de alimentos nos países desenvolvidos não está caindo e o consumo tanto nos países em desenvolvimento quanto nos mais pobres está subindo e considerando também que a produção alimentícia está perto do limite nos países desenvolvidos e enfrentando barreiras na sua expansão nos países em desenvolvidos, há claramente um cenário de aumento na demanda de alimentos maior do que o aumento na oferta e, como um preceito básico em economia, o preço destes produtos tendem a subir, caso este cenário se confirme. Jorge Eduardo Scarpin Muito se tem discutido sobre a necessidade crescente de qualificação profissional no novo ambiente competitivo dos negócios. Esta afirmação é, em minha opinião, 100% verdadeira. A cada dia, mais qualificação é exigida dos empregados de nossas empresas e, a tendência, é isto se acentuar cada vez mais.
Entretanto, a internet pode ser utilizada como excelente ferramenta de inclusão social. No Brasil, em especial, a parcela menos favorecida da população acaba tendo acesso à internet, seja nos laboratórios escolares, no ambiente de trabalho, ou nos locais de acesso à internet, denominados de lan house ou cyber café. O tema parece ser meio confuso e desconexo, pois, o que a maior qualificação tem a ver com a popularização da internet e inclusão social? É simples: há uma quantidade bem relevante de cursos on-line gratuitos, principalmente em duas áreas carentes de formação em praticamente todos os tipos de negócios: idiomas e informática. Recentemente, foi solicitada uma pesquisa para os acadêmicos ingressantes do curso de Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau (FURB) para um levantamento de cursos on-line gratuitos de idiomas e informática. Os resultados da pesquisa foram extremamente animadores. Foram encontrados cursos gratuitos de inglês, alemão, espanhol, francês, alemão e de outras línguas menos populares, tais como japonês, mandarim, russo e árabe e, na área de informática, cursos do pacote Microsoft Office (Word, Excel, Access e PowerPoint). A relação de cursos está disponível nos seguintes endereços: Idiomas: http://professorscarpin.blogspot.com/2010/08/cursos-gratuitos-de-idiomas.html Informática: http://professorscarpin.blogspot.com/2010/08/cursos-gratuitos-de-informatica.html Ressalto aqui que a lista não é exaustiva. Foram utilizados apenas duas áreas como exemplo e a pesquisa foi feita em apenas quatro dias, logo, com uma pesquisa mais profunda, será possível encontrar muito mais cursos de muito mais áreas de maneira gratuita, o que pode contribuir para uma grande inclusão social na área de educação. Jorge Eduardo Scarpin Este texto, na verdade, não pretende ser um tratado acadêmico ou algo do gênero, mas sim um texto para discussão de uma possível tendência. O livro impresso, como conhecemos a séculos, vai acabar?
Um dado perturbador foi revelado esta semana (Vendas de e-book para Kindle superam as de livros capa dura - 19/07/2010 - Valor Online), dado este que pode mostrar a tendência do fim do livro impresso e o avanço dos e-book. Bastou a Amazon reduzir o preço do kindle em 27% (de US$ 259 para US$ 189) que sua venda, no mercado norte-americano, disparou. E, na esteira disto, a venda de títulos também disparou. Segundo dados do Valor Online, "nos últimos três meses, 143 livros Kindle foram vendidos para cada 100 capa dura, mas quando esse tempo é reduzido para um mês, é de 180 livros Kindle para cada 100 capa dura. As vendas totais e-books triplicaram desde o primeiro semestre de 2009 ao primeiro semestre de 2010". Vejo isto como uma clara tendência e, no Brasil e nos países de língua portuguesa em geral, isto não vai ser diferente. Basta o kindle (ou produto similar) chegar com preço competitivo e haver a disponibilidade grande de títulos na nossa língua, sejam títulos técnicos, de ficção ou não ficção, que o comportamento tenderá a ser o mesmo. Um grave problema para as editoras, pois haverá uma concorrência ainda maior, visto que a grande vantagem competitiva de número de canais de divulgação e penetração em pontos de venda irá, praticamente, se esvair, fazendo com que a distância entre uma editora de grande, médio ou pequeno porte diminua consideravelmente. Uma grande solução para o usuário (não precisaremos, como no meu caso, de um quarto inteiro da casa para guardar uma coleção de livros) e até para as bibliotecas. Vamos ver o que vai ser disto. Jorge Eduardo Scarpin |